A perspectiva hacker para a educação em direitos humanos na cultura digital

Resumo

Este artigo apresenta um projeto de pesquisa-ação participativa e ativista realizado no Brasil pelas universidades federais de Santa Catarina e da Bahia, em colaboração com escolas públicas. A experiência sistematizada e investigada propõe uma reflexão sobre a integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação em direitos humanos, tanto como um desafio quanto como uma oportunidade para novas possibilidades. A proposta articulou a educação hacker com a educação em direitos humanos. O paradigma educacional da educação hacker valoriza a autonomia, o protagonismo, o empoderamento, a autoria e a produção coletiva e colaborativa de forma livre e aberta, com, para e por meio das TIC. Este paradigma foi integrado ao campo da educação em direitos humanos, especialmente como proponente da aceitação da alteridade e da convivência democrática, da pluralidade e da educação intercultural. Com base em um projeto realizado entre 2018 e 2022 com professores da educação básica, a pesquisa teve como objetivo analisar os desafios e as possibilidades da perspectiva hacker para uma educação em direitos humanos na cultura digital. A ação universidade-escola é analisada a partir da compreensão coletiva dos participantes do projeto e apresenta princípios para orientar as políticas públicas, a formação de professores e a pesquisa em educação, incluindo a valorização da pesquisa nas margens, o papel do intelectual público, a ruptura da distinção sujeito-objeto, a aproximação não hierárquica entre universidade e escola, e a compreensão do professor como pesquisador.