Revista Geográfica ISSN: 1011-484X Número 61 • Julio-diciembre 2018 Doi: dx.doi.org/10.15359/rgac.61-2.2 Páginas de la 47 a la 70 del documento impreso Recibido: 28/9/2017 • Aceptado: 23/01/2018 |
Contribuição de Milton Santos para o Debate Epistemológico na Geografia
Milton Santos’ Contribution to the Epistemological
Debate in Geography
Contribución de Milton Santos para el Debate
Epistemológico en Geografía
Thiago Oliveira Neto1
Universidade Federal do Amazonas, Brasil
Introdução
Ao longo de mais de quatro décadas de leituras e produção de textos, abarcando debates envolvendo a geografia, Milton Santos destaca-se pelas obras com teor crítico e chamando a atenção dos geógrafos sobre a necessidade de se repensar alguns postulados sobre os quais estavam debruçados os pesquisadores da ciência geográfica, seja pela quantificação seja pelo planejamento tecnocrático que atendia, obviamente, ao interesse das grandes corporações nacionais e internacionais.
No período de sua trajetória acadêmica, entre 1944 até junho de 2001, Milton Santos escreveu mais de 40 livros e publicou mais de 240 artigos nos mais diversos periódicos científicos internacionais, com destaque a revista Antipode. Há que se ressaltar que alguns dos temas trabalhados em suas obras propiciaram uma inserção de debates nos estudos geográficos realizados no Brasil e, concomitante, no exterior, com destaque: desigualdades, território, globalização, formação socio-espacial, circuitos da economia urbana etc. Nota-se também, em suas obras, um longo e amplo referencial teórico, com destaque para os clássicos da ciência geográfica2 e da filosofia, os quais se constituem as pilastras-mestre que sustentaram suas proposições teóricas e de questionamento.
Nas obras de Milton Santos, observa-se uma estrutura científica de discussão e de investigação apoiada no materialismo histórico e dialético de Hegel e o estruturalismo de Althusser, demonstrando as contradições e as estruturas existentes dentro do sistema capitalista de produção e na globalização.
Metodologicamente, estruturou-se este texto em três partes: primeiramente são apontados os caminhos teóricos que o autor utilizou em suas obras, com ênfase no materialismo histórico e dialético e no estruturalismo; a seguir, destacam-se os debates apontados nas cinco obras priorizadas e que propiciaram reflexões importantes aos debates acadêmicos; por fim, aponta-se a evolução de algumas proposições destacadas por Milton Santos nas suas obras de 1978 –Por uma geografia nova- e de 1996 - A natureza do espaço, abordando os conceitos, aqui destacados: espaço, técnica e rugosidade, realizando ainda, alguns apontamentos críticos.
Para a construção da discussão destacada anteriormente, foram selecionados cinco livros do Milton Santos3, os quais, por sua vez, trouxeram debates e proposições de reflexões no campo epistemológico da geografia e das ciências humanas, além de que cada obra possui proposições e debates mais trabalhados e específicos. No livro Por uma geografia nova, de 1978, o autor chama a atenção para a necessidade de renovação do pensamento geográfico, lançando novas proposições e orientando que a construção do conhecimento científico crítico deveria acontecer através do materialismo histórico e dialético. No ano seguinte, o autor lança o livro Espaço dividido (1979), destacando a presença de dois circuitos da economia urbana e suas respectivas características e contradições.
Nas obras da década de 80 e 90, mais especificamente em Técnica, Espaço e Tempo, de 1985, o autor aponta a importância de se compreender as contradições observadas no espaço da globalização, bem como os conflitos entre as temporalidades distintas; em uma das suas principais obras, que corresponde a um aprofundamento substancial de suas reflexões, Natureza do espaço, de 1996, traz uma série de debates e questionamentos sobre variados “temas” oriundos de uma gama de autores, apontando os limites, as possibilidades e sua respectiva compreensão, reformulando, por sua vez, a proposta de compreensão sobre o Espaço.
Por fim, pontua-se a obra Por uma outra globalização, de 2000, com um texto em que se pode identificar o tom militante do autor em questionar o rumo de um processo que estava repleto de contradições internas.
Outros livros poderiam ser trabalhados ao longo desse texto, a rigor, Metamorfose do Espaço Habitado de 1988, Da totalidade ao lugar de 20054, Espaço e Sociedade de 1979, O Brasil, publicado em 2001, em coautoria de Maria Laura Silveira. Contudo, entre outros livros e artigos, optou-se por abordar apenas cinco livros, publicados em dois momentos distintos: o primeiro durante o processo de inserção de uma corrente filosófica de pensamento, que se tornou majoritária após 1978 na geografia brasileira; e o outro, parte da premissa de que os últimos livros desse autor trazem questionamentos e reflexões que remetem às obras anteriores, seja para ir além do que foi posto ou apenas reafirmar.
Caminhos teóricos de Milton Santos
Milton de Almeida dos Santos-1926-2001- nasceu em Brotas de Macaúbas, na Bahia, fez sua graduação em Direito, pela Universidade Federal da Bahia, em 1948. Posteriormente, trabalhou no Jornal A tarde (Ramirez, Vargas, 2012), editado na cidade de Ilhéus, e, na década de 60, realizou o curso de doutorado em Geografia sob orientação de Jean Tricard.
Vale a pena apontar que, entre seu doutorado e seu desdobramento de trabalho acadêmico em universidades, Milton Santos ministrou cursos em diversas universidades5, permitindo acesso às mais diversas obras, com os mais variados posicionamentos filosóficos, teóricos e políticos. Nesse contexto, ele teve acesso aos textos clássicos da ciência geográfica, em particular, bem como àqueles que estavam na vanguarda dos demais debates das ciências humanas. Contudo, a necessidade de ler os clássicos da ciência geográfica lhe permitiu, naquele momento, uma compreensão dos fundamentos, postulados e correntes teóricas6.
Moraes (2013), ao analisar as obras do Milton Santos, identifica as fases teórico-metodológicas, destacando as correntes filosóficas que foram trabalhadas ao longo do período de atividade intelectual do autor, demonstrando que os seus primeiros trabalhos científicos possuem uma presença primordial de autores da tradicional geografia francesa através dos expoentes: Michel Rochefort, Max Sorre, Etenne Julliard e Pierre George, ao longo da década de 60, e, na década seguinte, nota-se uma influência de autores da corrente existencialista, com os expoentes: Jean Paul Sartre e Franz Fanon, os quais, por sua vez, vão aparecer em diversas obras em décadas seguintes7.
Nessa década de 70, com os estudos sobre organização espacial, economia das cidades, urbanização e dos demais processos que estavam ocorrendo em países rotulados de “terceiro mundo” ou “subdesenvolvidos”, nota-se, nas obras de Milton Santos, uma ampla influência de autores marxistas e o uso do método do materialismo histórico e dialético com Lefebvre, Althusser, Gramsci e Lukács, observando-se também, a presença do estruturalismo8 com Sartre e Althusser. Nesse momento, o autor busca evidenciar as contradições internas, à luz de uma abordagem geográfica, rompendo, por sua vez, com outra corrente hegemônica da geografia, a geografia quantitativa.
Assim, após o estabelecimento de uma discussão sistematizada e apresentada no livro Por uma geografia nova, de 1978, no mesmo ano, na cidade de Fortaleza, em um evento da Associação dos Geógrafos Brasileiros-AGB9, denominado Encontro Nacional dos Geógrafos-ENG, houve o lançamento da base para inserção e difusão do marxismo na geografia brasileira10, com um encontro de debates que, por sua vez, não tinham aflorado vultosamente antes de 197811. A rigor, nesse momento, nota-se também o desenvolvimento de lutas sindicais, movimento grevista no ABC paulista e declínio do regime militar no Brasil.
Nesse sentido, porém, deve-se apontar que esse afloramento de debates e da produção intelectual de geógrafos, com aportes teóricos marxistas, segundo Moraes e Costa (1987) resultou em um dos pontos de renovação da geografia na década de 50, com os autores: Jean Dresch, Pierre George, Bernad Kayser, R. Guglielmo, A Prenat, Wolkowitch, Jean Tricard entre outros, “que inauguraram esta vertente de discussão”.
O marco dessa renovação se constituiu em 1953, durante a Jornada dos Intelectuais Comunistas, em Ivry, onde e quando os geógrafos já apontavam uma preocupação com os métodos da “geografia burguesa”, inserindo preocupações de ordem social (Moraes, Costa, 1987, p. 40). Por sua vez, Santos ([1978] 1990, p. 42) destaca que, no início dos anos 50 houve uma tendência neomarxista, mas com grandes dificuldades de se consolidar. Evangelista radicaliza e destaca a “(...) acirrada luta contra a geografia quantitativa, não pelo seu conteúdo técnico, mas sim aos seus pressupostos de base positivista (...) que não trazem contribuições para a compreensão da sociedade” (2014, p. 321).
Silva (1984, p. 76) destaca que a ruptura ocorrida em 1978 foi tanto de cunho político quanto teórico, com a inserção do “debate intelectual para além dos muros das Academias e Institutos, através do livro de Milton Santos, POR UMA GEOGRAFIA NOVA”; e ainda ressalta as contribuições teóricas e textuais de: David Harvey, Armando Corrêa, Carlos W. P. Gonçalves, Roberto L. Corrêa e Armen Mamigonian.
Com esse contexto, Milton Santos, em sua célebre obra de 1978, estabelece uma revisão crítica da evolução da geografia, abarcando os fundadores, além de apontar que a geografia é viúva do espaço, em decorrência da “desespacialização do espaço, reduzido a uma teia de coordenadas sem relação com o real” e de possuir alguns empecilhos, tais como a incapacidade de “permitir o que se encontra em um estágio e em outro” e de “estreitar os horizontes da disciplina e de empobrecer sua interdisciplinaridade” tornando a geografia como uma “palavra vazia de conteúdo – e quase nunca do espaço como sendo o objeto” (Santos, [1978] 1990, pp. 53-91).
E nesse mesmo caminho de estabelecer a crítica ao que vinha sendo realizado, destaca-se a celebre frase de Gaston Bachelard: “É preciso refletir para medir e não medir para refletir” (Bacherlard, 1972, p. 213 apud Santos [1978] 1990, p. 49; Lacoste, [1973] 1981, p. 242) sendo que “a quantificação representa apenas um instrumento” (Santos [1978] 1990, p. 52) e não um fim do pensamento.
A denominada “nova geografia”12 se estruturou e se manifestou através, basicamente da quantificação (Santos, [1978] 1990, p. 42) apresentando uma rica abordagem em modelos matemáticos, sendo fruto da própria necessidade da a geografia se afirmar enquanto ciência, tendo, alcançar tal objetivo, usando o caminho da quantificação e inserção da matemática e o estabelecimento de leis gerais.
Santos já apontava que a geografia da percepção é “uma das novas tendências” na geografia, permitindo uma ruptura com as abordagens economicistas ([1978] 1990, p. 67)13, mas o próprio autor radicalizar ao afirmar que a percepção individual “não é conhecimento” e que “a coisa não seria objetiva e a própria teoria da percepção seria incompleta, senão inútil”. Compreende-se, entretanto, que o autor buscou criticar e apontar possíveis limites das outras correntes teóricas para justificar a abordagem crítica, esta diferenciando-se, metodológica e filosoficamente da geografia da percepção/fenomenologia.
Outro apontamento realizado é a crítica ao planejamento tecnocrático, que atende as demandas das empresas privadas em detrimento da sociedade14 e que a abordagem dos sistemas15 permitiu grandes avanços para as ciências exatas16.
Nessa mesma obra, apresenta-se uma discussão sobre a categoria de Formação Econômica e Social como uma teoria do espaço, enfatizando a problemática social (Santos, [1978] 1990).
Durante esse momento de inserção de novos debates, ocorre a proposição teórica sobre a existência de um duplo circuito da economia urbana em 1972 e com publicação na França em 1975 do L’espace Partagé sendo publicado no Brasil em 1979.
Esse momento de renovação ocorreu em outros países, num processo embalado com o auxílio da criação e publicação de artigos com abordagem marxista, tendo um papel relevante os periódicos Antipode, nos Estados Unidos, e a revista francesa Herodote, “estabelecendo um confronto com a New Geography” (Santos, [1978] 1990, p. 42).
Para Silva o ano de 1982 foi um ano de difusão das ideias de renovação geográfica no Brasil, com destaque os livros de Milton Santos com as obras: Novos Rumos da Geografia Brasileira e Pensando o espaço do homem (1984).
Nas primeiras páginas do livro Por uma Geografia Nova, o autor anuncia a produção de outros quatros livros. Contudo, apesar dos temas anunciados, nota-se que os livros não seguem, fielmente a proposta dos títulos, mas pode-se apontar que o lançamento da discussão em 1978 foi aprofundada em 1996, com a publicação do livro Natureza do Espaço.
O livro Natureza do Espaço é construído a partir de uma exposição da discussão teórica em uma estrutura dialética17, apresentando as concepções existentes sobre uma determinada problemática, apontando os limites e as críticas, para, posteriormente, o autor lançar sua compreensão, seja negando ou afirmando/concordando com algum autor antes citado. No decorrer do livro, ainda, nota-se a presença de outros postulados de correntes teóricas distintas e criticadas em 1978. A rigor, nota-se uma discussão que incorpora noções de sistema, o estruturalismo e a fenomenologia, porém, apesar desse ecletismo na forma de estruturar sua discussão, pode-se apontar a presença substancial da dialética.
Abordagens miltonianas
Como característica dos debates apresentados por Milton Santos, em sua larga obra, ressalta-se não se tratarem de debates lançados orginalmente por ele, mas estruturados e sistematizados, partindo da aproximação articulada com a geográfica de cunho crítico, priorizando, obviamente, alguns temas para a compreensão do Espaço, tratando-se, portanto, de uma abordagem nova que permite compreender a nova reordenação dos fatos no espaço. Nesse contexto, destacam-se algumas abordagens realizadas por Milton Santos, como: espaço, formação socioespacial, território usado e redes.
Em 1978 o autor já destaca o conceito de espaço, este não apenas como um mero reflexo social, mas como um fato social e que este espaço é constituído de formas representativas de relações sociais de tempos distintos que se acumulam em uma “estratigrafia de objetos”. Para realizar uma compreensão do espaço nota-se a presença do que se denominou de totalidade e tempo, detendo um caráter global e tecnológico a partir da Formação Econômica e Social-FES.
Nessa obra de 1978, Milton Santos enfatiza o papel das rugosidades com base nos escritos de Jean P. Sartre sobre o prático-inerte, mas destaca o poder de permanência das formas espaciais fixas. Nesse sentido, o espaço tem elementos que rementem a um testemunho, seja pelo modo de produção ou pela memória do espaço construído, “as formas espaciais criadas por uma geração ou herdadas das procedentes, têm como característica singular o fato de que, como forma material, não dispõem de uma autonomia de existência” (Santos, [1978] 1990, p. 150 grifo do autor).
Partindo da premissa de que o espaço é “uma totalidade de relações posicionais que organiza a totalidade de autores” (Santos, [1978] 1990, p. 176) que atuam em diversas escalas geográficas e para realizar uma interpretação desse espaço, Santos destaca, inicialmente, quatro categorias: forma, função, estrutura e processo, as quais devem ser priorizadas na análise geográfica, tomando como ponto de partida o espaço, na busca de compreender a organização espacial e sua evolução. Destaca-se que essas são “categorias fundamentais para o estudo do espaço” (Santos, [1978] 1990, p.176).
Essas categorias não se apresentam isoladamente, algo que, por sinal, Santos destaca várias vezes em seus textos. Nesse contexto, conforme frisa o autor, a forma não pode ser compreendida por si mesma, mas como um aspecto visível e que é exterior de um objeto geográfico, embora esse mesmo objeto possua uma função ou várias funções, cujo sentido de materialização (do objeto) se justifica, como desempenhar ou possibilitar a realização de algo. Por sua vez, ainda, esse objeto possui uma estrutura, não relacionada aos componentes que o tornaram e compuseram. Essa estrutura, contudo, é invisível e marcada pela natureza social e econômica em um determinado modo de produção ou ciclo econômico. Enfim, o processo é caracterizado como algo que ocorre continuamente e dentro de uma estrutura social e política, ou seja, uma estrutura em contínuo movimento (Santos, [1978] 1990; 1985, Corrêa, 2003), sendo que “a noção de totalidade é inseparável da noção de estrutura” e estas “estruturas correspondentes são as estruturas sociais” (Santos, [1978] 1990, p. 177).
A Formação Sócio-Espacial18, proposta por Santos em 1977 e derivada da Formação Econômica e Social, proposta por Marx e Engels, mas foi Vladimir Lênin que a sistematizou “buscando compreender a totalidade da história e o desenvolvimento de uma sociedade” (Bastos; Casaril, 2016, p. 277), a Formação Econômico e Social, incluindo o espaço. Contudo, foi Milton Santos que apontou uma discussão destacando também a inclusão do espaço e constituindo a Formação Sócio-Espacial. Bastos e Casaril destacam que a FES “foi estruturada tendo em vista um entendimento da totalidade espacial em macro escala (escala nacional), todavia, não a percebemos como um paradigma teórico-metodológico concretizado”, podendo ser largamente empregado em outras escalas geográficas, como a regional e a local (2016, p. 277).
A proposta é tentar colocar, lado a lado, noções de espaço humano e de formação social, para evitar compreensões equivocadas da realidade, entendendo que o “objeto dessa geografia renovada é o estudo das sociedades humanas em sua obra de permanente reconstrução do espaço herdado das gerações precedentes, através das diversas instanciais de produção”, além do mais, “a noção de formação social nos oferece a possibilidade de interpretar a acumulação e a superposição de formas” ([1978] 1990, p. 195-198) espaciais que compõem o espaço geográfico de vários territórios do mundo.
Ressalta também Milton Santos que a “história não se escreve fora do espaço e o próprio espaço sendo social, não há sociedade a-espacial”. Nesse contexto, nota-se a persistência em apontar o uso da formação social “como categoria da realidade e como categoria analítica”, a qual permite a “formulação de uma teoria espacial válida”, propiciando uma compreensão diferencial da sociedade, conhecendo as especificidades e mostrando as distinções de outras sociedades “cuja especificidade e particularismos devem ser realçados para que o estudo concreto de suas realidades” (Santos, [1978] 1990, p. 198-201).
Santos faz a proposição de uma espaciologia que seria quase-história (Santos, [1978] 1990, p. 196), tal rotulação tinha como proposta substituir “geografia” por espaciologia, em uma perspectiva de valorização acentuada do espaço.
No mesmo livro de 1978, chama atenção que boa parte da discussão era feita sobre a geografia, mas pouco se discute sobre o objeto desta ciência, que, para Santos, seria o espaço. Outro apontamento refere-se às analogias e à relação entre os elementos naturais e o corpo humano (Santos, [1978] 1990, p. 27), como foi o caso da compreensão sobre redes, elaborada por Saint Simon (Dias, 1995; 2007), ou de Estado como um organismo (Ratzel, [1987] 2011)19.
Em outra obra, O Espaço Divido com a publicação em francês em 1975 e em português em 1979, o autor vai destacar a existência de dois circuitos da economia urbana a partir da teoria do espaço e da urbanização e apresentando apontamentos teóricos e empíricos sobre a modernização tecnológica com base econômica e política. Cada circuito é um sistema e cada um possui seu espaço de relações na cidade.
Para Santos existe uma economia urbana formada por circuitos distintos em decorrência das características técnicas e de organização, tendo sua existência indissociável de um circuito do outro, enquanto que no superior apresenta um aparato técnico e um “capital intensivo” com a presença majoritária de capitais volumosos e a presença de monopólios e de atividades puras, impuras e mistas, enquanto, que no inferior ocorre um “trabalho intensivo”20 com a presença de atividades de pequena dimensão que interessam principalmente grupos humanos “pobres” ([1979] 2008).
O circuito superior marginal demonstra a interligação entre os dois circuitos anteriores, a rigor, os transportes é um exemplo, assim como, os serviços (Santos, [1979] 2008, pp.40-41). Santos renuncia a rotulação de moderno e tradicional, pois estão carregadas de significados ([1979] 2008).
Na obra Espaço, Técnica e Tempo, de 1985, o autor já destacava o papel proeminente das técnicas e do meio técnico cientifico informacional associado ao processo de globalização, com apresentação de abordagens que vão reaparecer nas obras seguintes, em Natureza do Espaço e no livro Por Uma Outra Globalização.
Por fim, o reforço desse debate vem com a obra publicada 11 anos depois, ampliando o debate e apontando novas discussões.
Em Natureza do Espaço, de 1996, Milton Santos realiza um vasto compilado de assertivas de um grande número de autores que propuseram reflexões referentes a alguns temas elencados como norteadores da obra, que foi sistematizada em uma estrutura dialética, mas com a presença de outras correntes teóricas, tais como o estruturalismo, e tangenciado pelo pensamento sistêmico. Este livro, assim como os demais, é uma proposta teórica e metodológica para compreender o espaço geográfico, tendo como um dos eixos centrais a discussão sobre o meio técnico (Maia, 2012, p. 180).
Nesse contexto, optou-se em indicar somente os apontamentos sobre território usado, noção de meio, objeto geográfico, espaço e redes, pois o objetivo aqui não é esgotar essa obra, mas apresentar alguns pontos que se articulam ou não com outras obras escritas pelo mesmo autor.
Denominam-se objeto geográfico as formas espaciais construídas pelo ser humano dentro de um espaço. Contudo, a noção de objeto geográfico está circunscrita aos objetos móveis e àqueles imóveis, tais como uma cidade, rodovias, portos, floresta, montanha, entre outros. Ou seja, “para os geógrafos, os objetos são tudo o que existe na superfície da Terra, toda herança da história natural e todo resultado da ação humana que se objetivou”, trabalhando com os objetos do presente e, em alguns casos, um testemunho ações –a sociedade- passadas, que passam a compor objetos –a materialidade- que estão presentes numa extensão contínua, que pode ser caracterizada como uma estratigrafia de objetos técnicos, sendo que uma determinada técnica ou o conjunto delas e sua evolução é uma das “características da sociedade e do espaço geográfico” (Santos, 2006, p. 111).
Santos (2006, p.16) define que “as técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”. Destaca, ainda, o autor que a sucessão de períodos históricos21 e de sistemas técnicos, e periodiza três momentos da história das técnicas: o primeiro caracterizado apenas pela presença de um meio técnico; o segundo, por um meio técnico e científico22; e o terceiro, informacional. Para Maia (2012, p.185), Milton Santos não privilegiou abordar incisivamente a luta de classe, tendo, também, estabelecido uma “supervalorização dada por ele ao fenômeno técnico”.
Nessa obra, Santos aponta que o espaço não é apenas um conjunto de fixos e fluxos, ele é também um sistema.
Sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, sua definição varia com as épocas, isto é, com a natureza dos objetos e a natureza das ações presentes em cada momento histórico. Já que a técnica é também social, pode-se lembrar que sistemas de objetos e sistemas de ações em conjunto constituem sistemas técnicos, cuja sucessão nos dá a história do espaço geográfico.
Os objetos que constituem o espaço geográfico atual são intencionalmente concebidos para o exercício de certas finalidades, intencionalmente fabricados e intencionalmente localizados. A ordem espacial assim resultante é, também, intencional. Frutos da ciência e da tecnologia, esses objetos técnicos buscam a exatidão funcional, aspirando, desse modo, a uma perfeição maior que a da própria natureza. É desse modo que eles são mais eficazes que os objetos naturais e constituem as bases materiais para as ações mais representativas do período (Santos, [1996] 2006, p. 226).
Santos destaca que os objetos geográficos não estão no espaço isoladamente, ao contrário, sua materialização e seu uso ocorre numa relação indissociável com outros objetos e processos (2006)23 e a ocorrência da união entre técnica e ciência, e o conhecimento como recurso.
Santos ([1996] 2006) destaca em sua obra um debate teórico escasso referente às redes, apontando que estas são mistas e que as redes técnicas são de constituições globais capazes de unir pontos do território a uma mesma lógica produtiva, permitindo a fluidez24 diversificada, que atende interesses de autores hegemônicos, a estrutura seria um suporte para alcançar ou aumentar a competitividade, nesse sentido, cria-se objetos geográficos capazes de favorecer a fluidez.
Nessa obra, nota-se uma proximidade com os debates aprofundados no livro dedicado ao tema globalização, aponta-se que as cidades ‘luminosas’ se “justapõem, superpõem e contrapõem ao uso da cidade onde vivem os pobres, nas zonas urbanas ‘opacas’’ (Santos, [1996] 2006, p. 221).
Um dos últimos livros escrito por Milton Santos trata sobre o processo contraditório da Globalização, e, nesse ensaio, o autor aponta o processo como fábula, como perversidade, e como poderia ser a globalização, estabelecendo uma crítica ao processo em curso. Nesse livro, nota-se o caráter militante do autor, que faz uso de jargões como: perversidade, tirania, morte da política, violência, pobreza, capitalista, trabalho, entre outros, na busca de superar “explicações mecanicistas [que] são, todavia, insuficientes” e que “esse mundo como fábula é alimentado por outros ingredientes, entre os quais a politização das estatísticas” (Santos, 2000, pp. 17-42) para elucidar esse processo, que, para o autor, pode ser constituído em três mundos: “o primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo; a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é; a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização” (Santos, 2000, p. 18).
Para Santos, a globalização é uma perversidade sistêmica, e que está na raiz da “evolução negativa da humanidade”, que por sua vez, materializou um conjunto interligado de técnicas que acaba sendo a base para que o grande capital se apoie para “construir a globalização perversa”, tendo como fatores: “a unicidade da técnica, a convergência dos momentos, a cognoscibilidade do planeta e a existência de um motor único na história, representado pela mais-valia globalizada” (2000a, pp. 20-24).
Contudo, o controle do curso do processo é realizado pelos grandes atores, constituídos pelas empresas globais que atuam na velocidade dos fluxos e no discurso ideológico, e visando “a instalação desses capitais globalizados supõe que o território se adapte às suas necessidades de fluidez, investindo pesadamente para alterar a geografia das regiões escolhidas” (Santos, 2000, p.66), na busca de superar as crises sucessivas no âmbito global através de uma violência estrutural,25 que pode “ser vista como uma fábrica de perversidade” (Santos, 2000, pp.58-59), gerando uma produção globalizada da pobreza.
Essas empresas globais ou menos nacionais agem seletivamente nos territórios, na busca de obterem as frações territoriais que apresentam as melhores características para obtenção de rentabilidade e recompor o capital empregado e a mais-valia. Nesse sentido, aponta-se que “aos atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do território e deixam o resto para os outros” (Santos, 2000, p.79), em um processo caracterizado pelas práticas espaciais com destaque para a seletividade espacial26, tendo o território como ente onde ocorre o uso por uma dada população, daí o termo território usado. Porém, este “não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo homem. O território 27 é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence”, sendo também a base do trabalho, da moradia e das trocas materiais e imateriais por uma dada população (Santos, 2000, pp.96-97).
Uma outra característica do “período da globalização, [é] o mercado externo, com suas exigências de competitividade, obriga a aumentar a velocidade” (Santos, 2000, p.123) dos fluxos materiais e imateriais, na busca de atender a demanda de novos ou de consolidar os fluxos, os quais ocorrem através de uma base territorial de realização do Estado e não da iniciativa privada (Juillet, 1971), corroborando com o aumento da mais-valia28 e deixando outros serviços desamparados de recursos financeiros.
Evolução dos debates e alguns apontamentos críticos
Um dos conceitos retrabalhado por Milton Santos ao longo das décadas e presentes em suas obras foi a concepção sobre o espaço, apresentada, inicialmente, como um conjunto de fixos e fluxos e, por fim, como sistema, esta última oriunda da formulação orteguiana para elaboração da noção de espaço como sistema. Nas obras, notam-se influências de Heidegger, Ortega y Gasset, Sartre e outros autores já mencionados, os quais permitiram estruturar toda uma discussão sobre, principalmente, espaço como categoria chave da geografia.
Dantas (2014) aponta que se pode distribuir as obras de Milton Santos em dois grandes grupos: o primeiro composto pelas obras teóricas e epistemológicas e o segundo grupo é caracterizado pelos textos sobre urbanização e uso do território. E ressalta, ainda, a importância de uma base teórica para compreender os processos, afirmando que a “realidade concreta não se revela sem o uso da teoria e nem esta tem razão de ser sem o domínio da empiria” (Dantas, 2014, p. 51).
Para Tavares e Silva, o livro Le Métier Du Géographe, de 1971, traduzido como O Trabalho do Geógrafo no Terceiro Mundo, de 1978, é o marco teórico do autor, e que se completou com o livro Natureza do Espaço, apresentando um debate sobre técnica, construído ao longo das obras publicadas.
Outra proposição de debate está circunscrita ao que se denominou e adjetivou de território usado, amplamente trabalhado em um artigo publicado em 2000 e que também foi parte da exposição de Milton Santos, no Congresso Brasileiro de Geógrafos-CBG, realizado em Florianópolis29, onde se debateu o papel ativo da geografia. No texto, porém, notam-se algumas proposições, tais como a de que o espaço geográfico30, este, é entendido como território usado, sendo “tanto o resultado do processo histórico quanto a base material e social das novas ações humanas”, permitindo realizar uma “consideração abrangente da totalidade das causas e dos efeitos do processo socioterritorial” e se constituindo “como um todo complexo onde se tece uma trama de relações complexas e conflitantes (Santos, 2000b, pp. 104-105).
Lança-se a crítica às ações pontuais e não globais, devendo-se pensar o território como um todo, composto pelo emaranhado de relações conflitantes e contraditórias. Na mesma esteira, aponta-se que a espacialização dentro da geografia leva a um ramo simplesmente operacional, incluindo-se a própria fragmentação da ciência, a qual é carregada de termos e de adjetivos que fragilizam uma possível explicação do mundo, principalmente quando se trata sobre o ensino de geografia (Santos, 2000b, p.106).
Santos destaca que “o problema central é como utilizar os conhecimentos sistematizados por uma disciplina no delineamento de soluções práticas e caminhos, frente aos problemas concretos da sociedade”, através de um discurso socialmente eficaz, calcado em uma base de intervenção “sistêmica” na sociedade (Santos, 2000b, p. 107).
Apesar de suas proposições representarem fato positivo, algumas foram palco de críticas. Vesentini (2001; 2009), por exemplo, estabelece duras críticas aos escritos de Milton Santos, primeiramente sobre a proposição de uma espaciologia, que não teria aplicabilidade e não resulta em trabalhos criativos31. Sua crítica também alcança a produção brasileira de textos de geografia crítica, referindo que autores como Lefebvre, Lipietz, Raffestin e Lacoste, “[...] foram e são muito mais importantes nos trabalhos acadêmicos da geocrítica brasileira – em especial nas geografias política, social, regional, demográfica, urbana e agrária – do que a espaciologia de Milton Santos (Vesentini, 2001, S/P; 2009, p. 145).
Outra crítica de Vesentini (2001; 2009) é referente ao ecletismo de correntes teóricas32 apresentado em alguns escritos. A rigor, o livro Natureza do Espaço é um exemplo, pois Milton Santos33 optou por um emaranhado de correntes filosóficas, diluídas na organização do texto, apresentando um leque de discussões organizadas de forma dialética hegeliana, com alguns pontos que possuem interligação com outras correntes de pensamento. Esse ecletismo pode denunciar o enfraquecimento de um aporte teórico que poderia significar um caminho percorrido para possibilitar uma compreensão, mas não é esse o caso, pois o uso de várias correntes de pensamento pode tornar contraditórias as discussões do próprio texto, já que cada corrente teórica teve uma gênese distinta e carrega consigo diferentes proposições de investigação. Ribeiro (2009, p. 25), em outro contexto, aponta que “esse ‘ecletismo’ seria um dos legados do pós-modernismo, que se abre para o diálogo entre diferentes matrizes teóricas, em um movimento multifacetado”.
A partir da década de 1990 ocorre aceitação de diversas perspectivas teóricas e metodológicas que são utilizadas na geografia, mas Diniz Filho (2004, p. 81) alerta para evitar a possível adentrada em algumas armadilhas, dentre as quais, o pluralismo de correntes caracterizado pelas “formulações teóricas [que] revelam nitidamente um elevado ecletismo epistemológico” que pode ocasionar uma incoerência nas proposições34.
Santos priorizou uma abordagem sobre território com “certos enfoques da economia e, mesmo, da ciência política, que não se apropriam da noção do território considerado como território usado e visto, desse modo, como estrutura dotada de um movimento próprio” (Santos, 2000, p. 87). Nesse contexto, porém, acaba ocorrendo um engessamento da possibilidade de abordar o território no enfoque da ciência política, da geografia política e cultural, tendendo esses últimos um debate distinto dos enfoques da geografia econômica.
Sauer ([1925] 2012, p. 187), em seu texto sobre paisagem, reafirma que “os objetos que existem juntos na paisagem existem em inter-relação”, e que deve-se considerar uma realidade como um todo, e não expresso pelas partes separadamente, sendo que a área possui forma, estrutura e função35, portanto, posição de um sistema. Observa-se que Sauer já apresenta uma breve articulação com três categorias baseadas em forma, estrutura e função, as quais já foram trabalhadas e apontadas, em 1978 por Milton Santos, como um caminho para permitir uma compreensão sobre o espaço.
Nota-se que essa discussão de bipolarização –espaço divido/dois circuitos/espaços luminosos e opacos36- não se constituem em polos opostos ou um dualismo, que por sua vez, esse último é caracterizado pelos polos opostos, sendo um marco na ciência, sendo que na geografia, observa-se a constituição de vários binômios, seja pelo debate vencido entre determinismo e possibilíssimo, geografia física e humana ou monotética e ideográfica. Obviamente, Santos tentou evidenciar esses circuitos distintos e interligados na busca de mostrar suas contradições e aspectos inerentes, mas esse debate constituído de binômios está presente na geografia desde a sua formação epistemológica.
Considerações finais
Apesar de sua vasta obra publicada, alguns apontamentos e formulações realizadas pelo Milton Santos sobre as categorias geográficas merecem ser discutidas, a rigor, o debate sobre o Espaço foi amplamente trabalho em seus textos, mas a categoria e os debates sobre o Lugar acabou sendo trabalhado por outros autores, com destaque a Yi Fu Tuan nos Estados Unidos em 197737, outra categoria que também foi pouco explora foi a região que acabou sendo vista durante muitos anos apenas para fins de planejamento e do ponto de vista administrativo e também não se incorporou o debate que o Armand Frémont realiza sobre região e a paisagem que possui um rico debate com autores americanos e ingleses da geografia, tais como: Cosgrove, Duncan e Sauer e da rotulada geografia física com o expoente George Bertrand. A discussão sobre território foi apontada apenas pelo viés de uma geografia econômica e adjetivando como território usado, deixando de lado as outras possibilidades de compreensão, estas realizadas principalmente por: Raffestin, Sack, Gottmann, Saquet e Claval. Essa negligencia é justificada pela apropriação teórica que o autor realizou, onde a categoria espaço permitia o desenvolvimento de apontamentos gerais de cunho dialético e marxista. Nesse contexto, pontua-se que o autor seguiu seus postulados teóricos para compreender processos gerais, e sua escolha teórica não abarca todas as categorias a partir de várias correntes de pensamento, ao contrário, permitiu-se ao autor, que ele trilhasse um caminho para o desenvolvimento das reflexões calcadas basicamente em duas correntes filosóficas de pensamento; o próprio materialismo histórico e dialético e o estruturalismo com maior ênfase em suas obras.
Vale a pena destacar que deve-se rever a bibliografia que o autor utilizou para a formulação de suas reflexões, ou seja, da mesma forma que o Milton Santos foi ler os textos clássicos da ciências sociais e da geografia, majoritariamente esta última, para compreender determinados processos e formular novas possibilidades de compreensão, deve-se buscar compreender minimamente os apontamentos dos textos e de autores clássicos bem como os “atuais” para, posteriormente, inserir críticas ou reflexões, evitando afirmações com uma estrutura epistemológica frágil, empobrecendo o debate teórico ou a repetição transvestida de uma falsa originalidade.
Um dos grandes diferenciais das obras de Milton Santos é a proposição de discussões gerais, por não estar presa a um lugar específico, o que permite compreender um dado processo em qualquer lugar do mundo38. As especificidades são advertidas e ressaltadas pelo autor para aqueles que vão aplicar suas proposições, mas suas formulações são gerais. Isso, talvez, seja fruto do próprio momento pelo qual a ciência geográfica estava passando e das discussões de autores clássicos, pois, para esta ciência –geografia- se afirmar como tal eram necessárias discussões gerais e não apenas específicas. Firmar-se somente em discussões específicas não se enquadra às leis gerais do pensamento racionalista e positivista de ciência. A rigor toda a produção do conhecimento está em constante construção e reconstrução, ou seja, uma conjuntura em movimento.
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1 Graduado em geografia pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM, Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia pela mesma instituição, Bolsista CAPES. E-mail: thiagoton91@live.com
2 Apontamos como clássicos conforme Moreira (2008; 2009; 2011).
3 Corrêa citou apenas três importantes livros de Milton Santos: Por uma Geografia Nova; Espaço Dividido; Natureza do Espaço, mencionando como um autor clássico, ou seja, autor de obras que propiciaram um avanço no debate teórico, mas possuem uma visão complexa, gerou discípulos e causou algumas rupturas entre o que estava sendo realizado e o que passou a ser feito (2011).
4 Copyright © 2002 da família Santos.
5 No livro Por uma geografia nova, o autor menciona: Universidade de Dar-es-Slaam, na Tanzânia, Universidade Central da Venezuela em Caracas e da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. “Na França, país onde Milton Santos estudou e manteve laços acadêmicos bem consistentes, ele acompanha e participa de uma transição importante, da chamada geografia ativa para a radical-crítica” (Saquet; Silva, 2008, p. 26).
6 Corrêa (2011) e Calvino (1993) ressaltam a importância de ler os clássicos.
7 No final da década de 60 houve uma larga e crescente produção intelectual de obras com raízes epistemológicas calcadas no marxismo, destaca-se: Quaini, Harvey, George, E., Kayser.
8 Johnston destaca a “forte influência do marxismo na Geografia a partir de um ponto de vista estruturalista, pelo qual as explicações dos fenômenos devem estar referenciadas às estruturas que os sustentam, mas que não são imediatamente identificadas por estes fenômenos (...)” (1986, pp. 97-101 apud Evangelista, 2014, p. 315).
9 “[...] primeira instituição a divulgar a geografia crítica foi a AGB” (Evangelista, 2014, p. 323). “Havia um grupo de geógrafos brasileiros preocupados com a geografia brasileira dispostos a mudar seu rumo no sentido acadêmico, na construção de uma nova teoria geográfica, uma nova posição que fosse também ao mesmo tempo, política e acadêmica, dentro da geografia [...]”. Em 1979, em São Paulo o grupo que ocupava a direção da AGB optou pela a “renúncia e entrega[ou] a AGB aos ‘revolucionários’, que elegeram Armen Mamigoniam como presidente” (Scarim, 2000, apud, Batista, 2006, p. 30).
10 Naquele momento de inserção, pode-se pontuar dois geógrafos que propiciaram a difusão: Milton Santos e Armen Mamigonian.
11 “[...] inquietações e transformações que ocorreriam na AGB estão ligadas ao fato de que no final da década de 1960 e início da década de 1970 um novo perfil de geógrafos começa a surgir no Brasil. Estes geógrafos de posturas políticas mais declaradas, juntamente com os estudantes vão fazer com que a década de 1970 seja marcada por desestruturações e reestruturações na AGB” (Batista, 2006, p. 26).
12 “A expressão New Geography supõe (...) uma preocupação de afirmar como novo o que aos seus defensores parecia igualmente a ser único (...) iam desde a indiferença ou a perplexidade a uma espécie de combatividade que opunha os extremistas dos dois polos, divididos entre os que afirmavam a necessidade da nova tendência (e da nova denominação) e os que mantinham a posição contrária” (Santos, [1978] 1990, p. 41).
13 A geografia da percepção ou geografia humanista vai ter uma ampliação de estudos e de publicações a partir do final da década de 1990 com a publicação de livros organizados por Correa e Rosendahl, mas devemos apontar que outros geógrafos tiveram um papel fundamental na divulgação desta corrente, tais como Lívia de Oliveira aposentada da UNESP.
14 Essa crítica está presente veementemente no livro Economia Espacial de 1979.
15 Critica maior a teoria de Ludwig von Bertalanffy (Santos, [1978] 1990, p. 55) e com base em Chisholm (1967 apud) destaca que os geógrafos já buscavam compreender o espaço como um sistema, outra apontamento, e que os geógrafos do passado sempre buscaram compreender as interações de fenômenos, conforme aponta Sauer em 1925 (Sauer, [1925], 2012).
16 Na contra mão desse argumento, Morin (2003) e Capra (1996) apontam a necessidade das ciências humanas incorporarem essa discussão.
17 As abordagens realizadas pelo Milton Santos estavam “centrad[as] em princípios do materialismo histórico e dialético como método de interpretação” (Saquet; Silva, 2008, p. 25).
18 “Uma formação sócio-econômica é “uma totalidade, um sistema que se define a partir de sua própria elaboração” (...), isto é, “não de uma maneira caprichosa mas em obediência aquelas leis que, fundamentalmente, exprimem um dado modo de produção ou a passagem a um outro modo de produção” (Aguilar, 1974, pp. 93-96 apud Santos, [1978] 1990, p. 197).
19 Ver essa discussão em Dias (1995) e em Costa (2010).
20 Podendo ser caracterizado brevemente pelas “atividades de fabricação tradicionais, como o artesanato, assim como os transportes tradicionais e a prestação de serviços” (Santos, [1979] 2008, p. 24).
21 Santos denomina de empiricização do tempo (2006, p. 33).
22 Aparece pela primeira vez no livro Espaço e Método, de 1985, sendo trabalhado em obras posteriores e tendo a inclusão do informacional e sua relação com o processo da globalização na obra Técnica, espaço e tempo, de 1994 (MAIA, 2012).
23 Para Santos “uma técnica nunca aparece só e jamais funciona isoladamente” ([1996] 2006, p. 114). “As técnicas se dão como famílias. Nunca, na história do homem, aparece uma técnica isolada; o que se instala são grupos de técnicas, verdadeiros sistemas” (Santos, 2000a, p. 24).
24 “A produção da fluidez é um empreendimento conjunto do poder público e do setor privado. Cabe ao Estado, diretamente ou por concessões, e aos organismos supranacionais prover o território dos macrossistemas técnicos sem os quais as demais técnicas não se efetivam: Já as empresas, isoladamente ou associadas, estabelecem redes priva das, cuja geografia e funcionalização correspondem ao seu próprio interesse mercantil. É por onde circulam - não raro de forma exclusiva - as informações, os dados especializados e as ordens que estruturam a produção. Quando se fala em fluidez, deve -se, pois, levar em conta essa natureza mista (e ambígua) das redes e do que eles veiculam (...) A fluidez, de fato, é seletiva” (Santos, 2006, p. 187) e tal seletividade é observada nos transportadores que escolhem os melhores eixos que podem propiciar melhores acumulações de lucro e de transporte em menor tempo (dependendo do tipo de produto), alguns eixos são priorizados em decorrência da seletividade que os transportadores e as grandes empresas fazem, optando por um corredor e não pelo outro, seja pelo fator distancia ou político, fronteira, etc.
25 “Ao nosso ver, a violência estrutural resulta da presença e das manifestações conjuntas, nessa era da globalização, do dinheiro em estado puro, da competitividade em estado puro e da potência em estado puro, cuja associação conduz à emergência de novos totalitarismos e permite pensar que vivemos numa época de globalitarismo muito mais que de globalização” (Santos, 2000, p. 55).
26 Essa discussão está presente em CORRÊA, (1992; 2007; 2013) quando aponta as práticas espaciais das grandes corporações e MOREIRA, (2013) que destaca também algumas práticas espaciais presentes no espaço, e para Santos: “cada empresa hegemonicamente age sobre uma parcela do território. O território como um todo é objeto da ação de várias empresas, cada qual (...) preocupada com suas próprias metas e arrastando, a partir dessas metas, o comportamento do resto das empresas e instituições” (2000, p. 86).
27 Santos destaca “O território tanto quanto o lugar são esquizofrênicos, porque de um lado acolhem os vetores da globalização, que neles se instalam para impor sua nova ordem, e, de outro lado, neles se produz uma contra-ordem, porque há uma produção acelerada de pobres, excluídos, marginalizados” (2000, p. 114).
28 “[...] atividades just-in-time, que trabalham como um relógio universal, movido pela mais-valia universal” (Santos, 2000, p. 126).
29 Debate com Milton Santos; O Papel Ativo da Geografia: um manifesto. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xpM6M08rI3E> Acesso em: 11 de julho de 2017. Vídeo da palestra do XII Encontro Nacional de Geógrafos promovido pela AGB realizado em julho de 2000 em Florianópolis.
30 “A compreensão do espaço geográfico como sinônimo de espaço banal obriga-nos a levar em conta todos os elementos e a perceber a inter-relação entre os fenômenos. Uma perspectiva do território usado conduz à idéia de espaço banal, O espaço de todos, todo o espaço. Trata-se do espaço de todos os homens, não importa suas diferenças; o espaço de todas as instituições, não importa a sua força; o espaço de todas as empresas, não importa o seu poder. Esse é o espaço de todas as dimensões do acontecer, de todas as determinações da totalidade social. É uma visão que incorpora o movimento do todo, permitindo enfrentar corretamente a tarefa de análise” (Santos, 2000b, p. 104).
31 “Santos, por sua vez, não soube muito bem a quem se dirigir e, com um viés positivista, propôs uma ‘nova ciência’ – ele chegou até a sugerir o rótulo espaciologia no lugar de geografia – que enfocasse o espaço enquanto sujeito (sic) e como totalidade (ou melhor, como formação socioeconômica, ou ‘socioespacial’). É evidente que tal proposta teórico-metodológica não poderia ter grande aplicabilidade nas análises de fato críticas, ou mesmo nas pesquisas engajadas (que, em alguns casos, não são críticas), pois quem estuda, por exemplo, as lutas pela terra no meio rural tem que privilegiar os sujeitos sociais envolvidos nos conflitos e não uma espaciologia abstrata [...] [e] [...] dessa incapacidade da espaciologia em produzir qualquer trabalho importante ou mesmo criativo [...]” (VESENTINI, 2001, S/P; 2009, p. 144).
32 “[...] certo ecletismo – mistura ou sobreposição sem coerência da análise sistêmica, via ecossistemas, com a ideia hegelo-marxista de totalidade (entendida pelo viés althusseriano) –, e principalmente devido à falta de engajamento e de sujeitos sociais, além das ambiguidades na noção de espaço (que se torna fetichizado)” (Vesentini, 2001, S/P; 2009, pp. 143-144).
33 “O ecletismo teórico é fonte de riqueza e auxílio fundamental para a discussão teórica e não apenas campo para classificações para determinadas tendências. Contudo, a escolha por um caminho definido é um imperativo, para que não se caia no perigo de ser ‘teóricos da moda’ ou de formar uma ‘colcha de retalhos’” (Santos, 2002 apud Braga, 2007, p. 66).
34 Diniz Filho ainda ressalta que esse ecletismo “pode deixar a geografia ainda mais desarmada frente aos riscos de um ecletismo mal conduzido que acabe sacrificando a própria coerência do discurso, que, também pode ser usado para dar sobrevida a certas teorias marxistas que, embora importantes nos anos 60 e 70 encontram-se hoje desacreditadas” (Diniz Filho, 2004, pp. 81-96).
35 Milton Santos em diversas obras utiliza esses três e ainda acrescenta o Processo.
36 Milton Santos “rompe com as abordagens dualistas: “moderno” versus “tradicional” e substitui pela dialética entre o “circuito superior” e o “circuito inferior”” (DANTAS, 2014, p. 59).
37 Space and place em 1977 e no Brasil a publicação ocorreu em 1983 com o título Espaço e Lugar.
38 Uma epistemologia universal para permitir compreender as especificidades dos países subdesenvolvidos (Dantas, 2014).
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