O treinamento para a cidadania crítica como ferramenta contra a proliferação de discursos antidemocráticos: a importância de passar dos conceitos à experiência nos sistemas educacionais do Chile e da Costa Rica

Resumo

Encontramo-nos num cenário político internacional marcado por tensões: novos conflitos armados e outros que parecem recusar-se a desaparecer, discursos políticos que relativizam os princípios mais elementares da democracia e dos direitos humanos; situação da qual a América Latina não tem estado isenta, pelo contrário; o nosso tempo assiste a uma proliferação de movimentos populistas e autoritários. Diante desse panorama, o ensaio que se segue reivindica a pedagogia crítica como base para o desenvolvimento de uma cidadania crítica e disruptiva nos ambientes escolares em relação ao projeto hegemônico expresso nos currículos oficiais. Assim, a partir das reflexões geradas pela prática docente no Chile e na Costa Rica, da análise de documentos oficiais e da bagagem teórica herdada do pensamento crítico, propõe-se a necessidade de posicionar a cidadania como um exercício prático, que permite passar de abordagens conceptuais para outras experiências; onde a democratização da palavra, a deliberação, a defesa dos direitos humanos e da natureza, são ferramentas que permitem delinear sociedades verdadeiramente equitativas, respeitadoras e capazes de valorizar os patrimônios epistémicos existentes nas diferentes comunidades educativas. Tudo isso em resposta ao aumento da violência estrutural e à proliferação-materialização de discursos anti-democráticos que permeiam as sociedades latino-americanas como um todo.